quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Mistérios de Paranaguá, um enredo de Carnaval


Mesmo morando aqui há mais de três anos, é difícil entender a dinâmica dessa vila múltipla, de face provinciana, mas de história longa e cosmopolita, que é Paranaguá.

E todo lugar tem mistérios que nascem, renascem e se reinventam. Então, talvez o espanto não seja só meu. Vamos ver...

Começando pela política.

A nova administração municipal em quase nada difere da anterior no cerne. É a mesma família Roque. Pequena variação no mesmo tema.

Quando o patriarca populista popular Mario Roque faleceu em meados de 2013, deixou o cargo de prefeito para o médico Edison Kersten. Mas os filhos de Roque, Marquinhos e Marcelo, continuaram com forte poder no comando da Prefeitura e na Câmara Municipal.

O discurso quase de oposição que ajudou a eleger o atual prefeito Marcelo Roque sempre me pareceu desproporcional ao papel que ele sua família continuaram tendo durante o mandato de Kersten. Mas era uma campanha, e o que os políticos dizem em campanha... bem, vocês sabem.

Talvez, se o oponente André Pioli tivesse aparecido nos debates eleitorais e esclarecido isso, que esse discurso de oposição era manco, não tivesse perdido a eleição… Mas, como se diz no futebol, o “se” não joga.

O fato é que com 40 dias de mandato, os “Roque” dominam tudo. Prefeitura, Câmara, filhos secretários disso e daquilo. Nepotismo. Ponto negativo.

Mas também é fato que imprimem outro ritmo à cidade, que no último ano parecia (e estava mesmo) moribunda de dengue, devagar, quase parando… As mudanças, a começar pelas atitudes administrativas, são evidentes. Ponto positivo.

O título deste texto fala de um enredo de Carnaval, então… Então Paranaguá talvez seja uma alegoria de si mesma. E ao se aproximar a época da folia da Momo, isso vai ficando mais evidente.

Pois, se não, vejamos: O desfile das escolas de samba que não aconteceu ano passado “por causa” da dengue, vai acontecer normalmente, só que sem repasse da prefeitura. É esse o tipo de atitude que eu vejo.

Como isso foi possível? O repasse para as escolas foi feito ano passado, mas o desfile foi cancelado três(!) vezes e o mandato acabou. A nova administração usou esse fato e saiu por cima, sem que ninguém pudesse criticar. Nem os chatos que são contra qualquer festa popular podem falar nada.

Então a cidade vai aos poucos voltando à vida. Teremos um grande Banho de Mar à Fantasia no domingo dia 19; haverá bailes de fandango no Mercado do Café no sábado e domingo de carnaval; teremos o Boi de Mamão da Associação Mandicuera; além do desfile oficial das escolas de samba, que agora será na Rua da Praia (outra bola dentro).

A nova gestão também está anunciando finalmente a revitalização da Estação Ferroviária. Um belíssimo patrimônio histórico que está desabando.

Isso para mim representa que Paranaguá está dando a volta por cima na dengue e no imobilismo, pelo menos.

Mas no fundo, na vida das pessoas que mais precisam, pouca coisa deve mudar. Afinal, os governantes são os mesmos.

A esperança de um futuro governo realmente popular permanece.

Em tempo, o Circuito Maré que trouxe semana passada o Boi Barroso de Antonina; que está trazendo o Bloco Garibaldis e Sacis hoje, quinta-feira (09), para se apresentar no Aeroparque; e que vai trazer o Bloco de Bonecos no dia 17, merece uma divulgação melhor, no mínimo. Foi triste assistir o Boi Barroso se apresentar para meia dúzia de pessoas na semana passada.

A iniciativa, que é do Governo do Estado, é boa, mas dinheiro público não é capim e esses artistas tem potencial para animar muita gente. Vamos ver como será o Garibaldis e Sacis hoje…

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