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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Mistérios de Paranaguá, um enredo de Carnaval


Mesmo morando aqui há mais de três anos, é difícil entender a dinâmica dessa vila múltipla, de face provinciana, mas de história longa e cosmopolita, que é Paranaguá.

E todo lugar tem mistérios que nascem, renascem e se reinventam. Então, talvez o espanto não seja só meu. Vamos ver...

Começando pela política.

A nova administração municipal em quase nada difere da anterior no cerne. É a mesma família Roque. Pequena variação no mesmo tema.

Quando o patriarca populista popular Mario Roque faleceu em meados de 2013, deixou o cargo de prefeito para o médico Edison Kersten. Mas os filhos de Roque, Marquinhos e Marcelo, continuaram com forte poder no comando da Prefeitura e na Câmara Municipal.

O discurso quase de oposição que ajudou a eleger o atual prefeito Marcelo Roque sempre me pareceu desproporcional ao papel que ele sua família continuaram tendo durante o mandato de Kersten. Mas era uma campanha, e o que os políticos dizem em campanha... bem, vocês sabem.

Talvez, se o oponente André Pioli tivesse aparecido nos debates eleitorais e esclarecido isso, que esse discurso de oposição era manco, não tivesse perdido a eleição… Mas, como se diz no futebol, o “se” não joga.

O fato é que com 40 dias de mandato, os “Roque” dominam tudo. Prefeitura, Câmara, filhos secretários disso e daquilo. Nepotismo. Ponto negativo.

Mas também é fato que imprimem outro ritmo à cidade, que no último ano parecia (e estava mesmo) moribunda de dengue, devagar, quase parando… As mudanças, a começar pelas atitudes administrativas, são evidentes. Ponto positivo.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

'Fora Temer!' nesta quarta, em Paranaguá


Será realizado nesta quarta-feira, 1° de junho, uma manifestação pelo "Fora Temer!" em Paranaguá. A iniciativa é do DCE 29 de Julho na Unespar, e conta apoio do professores da universidade, do movimento estudantil secundarista, do núcleo regional da APP-Sindicato, do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil do Litoral, entre outras entidades e movimentos.

A manifestação será na Praça Portugal, nesta quarta (1°), ás 17 horas.

Confira o evento no Facebook e confirme sua presença.

Abaixo, o texto de divulgação do evento. 

Fandango Caiçara Resiste, MinC Resiste!



O Movimento MinC Resiste publicou neste domingo (29/05/15) um Manifesto assinado pelo Comitê Provisório de Salvaguarda do Fandango Caiçara e seus apoiadores em repúdio ao governo interino golpista de Michel Temer (PMDB).

O movimento é formado por artistas, intelectuais e militantes da cultura e das artes e surgiu imediatamente após a posse de Temer. Eles estão promovendo diversas atividades a partir de ocupações de espaços públicos da Cultura como o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Curitiba.

A Associação Mandicuera também manifestou em seu site ser contrária ao governo do interino golpista Temer e ser contra o desmonte que este governo está fazendo da Cultura e de outros setores fundamentais para o povo brasileiro.

Mesmo com o recuo do governo interino em acabar com o Ministério da Cultura, vitória da pressão dos movimentos e dos artistas, as ocupações continuam. Os manifestantes entendem que este governo é ilegítimo, fruto de um golpe, e deve terminar imediatamente.

Leia a seguir o Manifesto:



Cultura Caiçara Resiste

O Fandango, expressão cultural das comunidades caiçaras, reconhecido como patrimônio cultural brasileiro, cuja área de ocorrência abrange desde o litoral sul do Rio de Janeiro ao litoral norte do estado do Paraná, aqui representado pelo Comitê Provisório de Salvaguarda do Fandango Caiçara e seus apoiadores, manifesta-se contrário ao Governo Federal interino ilegítimo e anuncia o rompimento do diálogo com as instituições que o representam, tendo em vista o desmonte das políticas públicas voltadas para a cultura.

O Fandango, enraizado no cotidiano das comunidades caiçaras, envolve um conjunto de práticas que ultrapassam o trabalho, o divertimento, a religiosidade e a musicalidade, atuando diretamente na afirmação de identidades e padrões de sociabilidade local. Apesar da riqueza cultural de suas práticas, estas comunidades foram historicamente submetidas a processos de exclusão social e política, fatores determinantes na perda progressiva de seus territórios e de seu modo de vida.

Apesar dos processos sofridos, as comunidades tem mostrando-se capazes de manter vivas suas dinâmicas culturais, em particular o Fandango e bens associados como: a Ciranda, a canoa caiçara, os sistemas tradicionais de pesca artesanal, as Folias de Reis e do Divino, entre outras. Ações fortalecidas pelo reconhecimento do Fandango Caiçara como Patrimônio da Cultura Imaterial brasileira. A consolidação deste processo de base participativa e popular, é desconsiderada e desmobilizada pela corrente agenda do governo interino, deste modo, alertamos ao retrocesso estrutural ao qual estamos expostos neste momento.

A produção, a circulação e a fruição da Cultura são direitos garantidos pela constituição, resistimos e seguimos na luta.
- Pela continuidade das ações inerentes ao decreto 3551/2000, que institui o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial (PNPI);
- Em defesa das políticas públicas de, para e com as culturas populares e dos espaços de participação popular direta e controle social;
- Pelo Sistema e pelo Plano Nacional de Cultura;
- Pela liberdade de expressão.

#CulturaCaiçaraResiste #CulturaResiste #ForaTemer #Amanhece

sábado, 5 de setembro de 2015

Minha exposição de Fotos "Um Outro Porto"

Sei que venho negligenciando este blog há alguns meses, mas é por um bom motivo para mim. Estou trabalhando na minha primeira exposição de fotos que será aberta no comecinho de outubro, no dia 02, na Casa Monsenhor Celso, aqui em Paranaguá.

Isso é uma grande honra e um grande desafio para mim.

Mas eu prometo (para mim mesmo) que assim que exposição estiver aberta eu volto a escrever. Mesmo por que, estou com saudades de conhecer lugares, fotografar paisagens e curtir as praias e rios do nosso litoral.

Visite o evento no Facebook e confirme presença! Lá é possível visualizar mais fotos e obter maiores informações sobre a exposição. 


A seguir, o release de divulgação da expo: 

Exposição de fotos revela o lado cinza do Porto do Paranaguá

Com o título “Um Outro Porto” o fotógrafo Ivan Ivanovick realizou durante os últimos meses um ensaio fotográfico que agora vira exposição, registrando o entorno urbano do Porto de Paranaguá. A exposição abre no dia 02 de outubro e fica até o fim do mês na Casa Monsenhor Celso, no Centro Histórico de Paranaguá. Detalhes e contato no final deste release. 

As fotos mostram os contrastes e a disputa de espaço entre a cidade e o porto. As paisagens duras, empoeiradas ou molhadas são reveladas em registros monocromáticos e coloridos, dependendo do enfoque. São ruas, trilhos, armazéns e esteiras de transporte de grãos, além dos caminhões, contêineres, trens e pássaros disputando espaço num painel melancólico de abandono e solidão. 

O projeto é apoiado pela Lei 1973/96 de Incentivo Fiscal para a Cultura no Município de Paranaguá e surgiu do interesse de registrar a estética proporcionada pelo Porto à cidade.

Desde que veio a Paranaguá, em dezembro de 2013, esse é um dos aspectos da cidade que mais chamam a atenção de Ivanovick. Para ele, “Paranaguá é uma cidade privilegiada com muitas belezas naturais e com uma rica arquitetura histórica. Há muitos fotógrafos que fazem belos registros desses aspectos, digamos, mais palatáveis da cidade. No entanto, as entranhas dos armazéns cinzentos, das filas de caminhões, dos trens enferrujados, dos pombos comendo os restos dos grãos espalhados pelas ruas carecem de registro, não só como denúncia, mas também pela estética que proporcionam.”

O fotógrafo acrescenta ainda que, mesmo o Porto, quando é retratado, é em belas fotos aéreas, mostrando grandes navios atracados, recebendo as cargas de milhares de toneladas; nunca aparecem os caminhos que as cargas fazem pela cidade até chegar ao cais. “O registro das entranhas desse porto, que é a realidade vivida por uma grande parcela dos parnanguaras, é uma forma de fazer com que as pessoas se identifiquem, se reconheçam na sua própria realidade e possam refletir e agir sobre ela e até mesmo encontrar beleza nessa paisagem cinzenta.” diz Ivanovick.

Serviço: Exposição de Fotos “Um Outro Porto”
De: Ivan Ivanovick
Abertura: 02 de Outubro de 2015 às 20 horas
Exposição: De segunda a sexta-feira, das 8h às 11:30h e das 13:30h às 18h. Sábados, das 9h às 13h.
Local: Casa Monsenhor Celso
Largo Monsenhor Celso, 23, Centro Histórico, Paranaguá - PR


sexta-feira, 29 de maio de 2015

Valadares: Associação de Moradores troca “lixo” por mantimentos


A Associação de Moradores da Ilha de Valadares faz todos os meses a “Troca Solidária” em que materiais recicláveis recolhidos pelos moradores são trocados por mantimentos para as famílias. O projeto é promovido pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) em parceria com a Associação de Recicladores Nova Esperança, com o aval do Ibama.


Funciona assim: os moradores da Ilha se cadastram e juntam materiais recicláveis como garrafas pet, plástico, papel, papelão, vidro, alumínio, etc. No dia da troca que acontece uma vez por mês, esses materiais são pesados e trocados por uma moeda social própria da Ilha, que tem o mesmo valor do Real, e com esse “dinheiro” são adquiridos os mantimentos.


Os materiais têm valor por quilo. Um kg de plástico vale 60 centavos, já o alumínio vale bem mais, o equivalente a R$ 2,00. Os mantimentos são “vendidos” a preço de custo.


Nesta quinta-feira, dia 28, foi realizada a segunda troca solidária, e bastante gente apareceu para trocar o material reciclado que recolheu. Conversei com uma família que juntou alguns sacos de recicláveis, e eles disseram que era praticamente só de seu consumo. Rendeu alguns “quilos de feijão” com certeza.


Não precisa nem falar, mas é o tipo de projeto em que todo mundo ganha. A natureza, os moradores, a Ilha, a cidade, o planeta...


Parabéns a Mirian Alaferdoglou que coordena a Associação dos Moradores e todos os voluntários. É um belo trabalho e merece apoio e reconhecimento!


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Uma semana para deixar Paranaguá mais limpa!


De 20 a 26 de abril, acontecerá em Paranaguá uma semana inteira dedicada ao problema do lixo na cidade. 

Este problema não é novo, assim como a necessidade de solucioná-lo. Por isso, todos os parnaguaras e vizinhos estão convidados a participar das atividades que acontecerão em diversos pontos da cidade. Será um verdadeiro “festival” de conhecimento através de palestras, oficinas, dinâmicas, amostras, mutirões, feiras, etc.

Esta é uma iniciativa da Rede Paranaguá Criativa e do Juventude Lixo Zero Brasil. Além de Paranaguá, outras cidades em todo o País também realizarão atividades durante este mês, promovendo a conscientização e ações de mudança.

Confira o banner com a programação. Clique aqui.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Oficina para elaboração de projetos culturais


A FUMCUL e o SESI promovem, no dia 15 e 16 de janeiro, a Oficina de Elaboração de Projetos Culturais.  A oficina tem como objetivo oferecer os conceitos utilizados na elaboração de projetos e mobilização de recursos para as organizações não governamentais,

Data: 15 e 16 de janeiro de 2015
Local:  Casa Cecy, Rua XV de Novembro, 499 - Centro Histórico / Paranaguá
Horário:   8:30 às 17:00      ( 12 horas)
Inscrições: até 12 de janeiro pelo e-mail fumcul@gmail.com
(realização condicionada a número mínimo de 20 participantes)
Gratuita e com a entrega de certificados.
Para realizar sua inscrição, envie Nome completo, CPF, e-mail e telefone para contato para o endereço eletrônico fumcul@gmail.com e aguarde a confirmação.

Programação:
- Introdução aos conceitos básicos de planejamento e indicadores
socioambientais;
-  Leitura de Editais;
- Passo a passo da Elaboração de Projetos;
- Clareza e objetividade na descrição do objetivo geral e dos objetivos
específicos;
- Como contextualizar a minha comunidade;
- Como escrever a Justificativa do Projeto;
- Elementos essenciais na descrição da Metodologia;
- Dicas sobre a montagem do Cronograma e do Orçamento;
- Encerramento.

Palestrante:
Rosane Fontoura: Coordenadora do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial da FIEP, formada em Ciências Sociais, Administração de Empresas e Direito, pós-graduada em Projetos Empresariais Públicos e Privados (UFPR), Marketing (FAE) e Meio Ambiente, Desenvolvimento e Educação (UFPR).
Pesquisadora na Kobe University no Japão e Hebrew University Israel.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Verão começa com obras inacabadas e velhos problemas

O Verão começa oficialmente hoje às 21 horas e 3 minutos. É a estação mais alegre do ano. Boa parte da população entra em férias e desce para o Litoral. A estimativa é de que as praias do Paraná recebam 9 milhões de visitantes até o final da temporada.

O Jornal Gazeta do Povo traz na edição deste domingo (21) uma matéria sobre os problemas de infraestrutura da orla, relembrando promessas do governador do Estado, Beto Richa (PSDB), que não foram cumpridas a tempo. Seriam intervenções nos calçadões, obras de esgoto, construção de quiosques, proteção da restinga, entre outras obras mais que necessárias para o conforto dos veranistas e a preservação ambiental.

Isso sem falar nas estradas, como a PR 407 que há décadas pede duplicação. Os engarrafamentos na rodovia que liga a BR 277 às praias de Pontal do Paraná já começaram no sábado (20) e vão se repetir até o carnaval. A duplicação iniciada há alguns meses será somente do trecho urbano da rodovia em Paranaguá e deve resolver o problema dos moradores daquela cidade. O restante da rodovia permanecerá simples e engarrafada.

Vale lembrar que pelos contratos de concessão do pedágio, a PR 407 deveria ter sido duplicada há anos, mas adendos secretos aos contratos firmados pelos deputados estaduais desobrigaram as concessionárias de executar diversas obras como essa.

Há também a necessidade urgente da duplicação da PR 412, rodovia que margeia as praias de Pontal a Guaratuba; e com ela, a tão aguardada ponte entre Matinhos e Guaratuba.

As cidades de Guaratuba, Matinhos e Pontal do Paraná são as que recebem o maior número de veranistas nessa época e vivem um certo frenesi que dura pouco mais de dois meses. A superlotação sobrecarrega as estruturas dessas cidades, que passam o verão no limite, como  se fossem metrópole, e vivem o resto do ano quase desertas.

Na quinta-feira (18), o governador esteve em Guaratuba para "inaugurar" a minguada "operação verão", que é praticamente só o reforço no policiamento e disponibilização de salva vidas nas praias. Vergonha.

Mas mesmo com todos os problemas, as belezas naturais, as delícias da culinária caiçara, a alegria e a simpatia do povo superam qualquer contratempo. Mesmo com todos os problemas, vale muito a pena curtir o Litoral do Paraná, e vejam bem: quem está dizendo isso é um catarinense que se criou nas praias de São Francisco do Sul, Barra do Sul, Barra Velha, Piçarras e por aí vai...

Leia mais no Portal da Gazeta do Povo.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Governo lança a minguada “Operação Verão”

Foto da Agência Estadual de Notícias

O governo do Estado deu início nesta quinta-feira (18) à Operação Verão 2014/2015. Durante 61 dias de temporada, o governo estadual estará presente no Litoral e na Costa Oeste com ações nas áreas de segurança, saúde, meio ambiente, energia, saneamento e turismo.

Também foi lançado um site para auxiliar os veranistas: http://www.verao.pr.gov.br/

O que se espera é que desta vez o governo cumpra com o mínimo do seu papel e garanta o fornecimento de água, luz, coleta de lixo, além de policiamento e salva-vidas nos locais de veraneio. A falta de água é talvez o principal problema enfrentado por veranistas e comerciantes no Litoral.

E as estradas estaduais PR 407, 412 e 508 que engarrafam constantemente, transformando trechos de 20 ou 30 kms em martírios que duram 6, 7 horas.... E o assalto praticado na BR 277 sob o nome de pedágio, custando R$ 16,80 por carro num trecho de 90 km...

O que dizer então do vazio deixado pelo corte de programas como o “Viva o Verão” que agitava as praias nos governos anteriores com atividades esportivas, educacionais e culturais... Isso já seria pedir demais.

Mais informações na Agência Estadual de Notícias.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Um pouco da história de Paranaguá (e de toda a região)


A importância histórica de Paranaguá é bastante anterior ao que todos estamos acostumados a acreditar. Pernagoa era a sede (capital) da nação Carijó, caahijo – os filhos da mata, por ser ali naquelas altas ribanceiras a moradia do chefe e seus descendentes.

Toda a costa, de Cananéia até a barra de São Francisco, pertencia então à nação Carijó, grupo tribal pertencente à família tupi-guarani. Muitas eram as tribos desta grande e poderosa gente, fixada pelas costa, ilhas e ribanceiras de rios. Cada tribo tinha seu cacique, mas todos prestavam obediência irrestrita o grande cacique, o chefe da nação.

As grossas crostas dos sambaquis eram a pedra solarenga dos grão-caciques. O chefe supremo não era eleito como os caciques comuns, porque ele era a tradição. Os tambaquibas eram o livro aberto de sua genealogia e quanto mais camadas, mais nobre a estirpe.

A vara de chefe passava de pai a filho numa perfeita dinastia, e o grão-cacique era sempre a voz do último conselho, a voz da sabedoria e da decisão, porque era voz da história Carijó.

O Ytim-berê também lhe pertencia e só os da sua descendência podiam carijar naqueles mangais. Isso era sabido de todos, pois o nome já dizia:

Y= rio; 
TIM= baixios; 
BERÊ= grande cacique.  

Isto é, rio de baixios pertencentes ao chefe da nação, daí o nome atual de Itiberê, legitimo e histórico.

Esse texto foi extraído do Plano Municipal de Cultura de Paranaguá, que está em fase de consulta pública para aprovação, e vale muito a pena ser lido, nem que seja só por diversão! 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Fandango é vida, resistência e alegria!


Acompanhei no final de semana a 5ª Festa do Fandango Caiçara de Paranaguá, evento organizado pela Fundação Municipal de Cultura de Paranaguá (FUMCUL). Durante a festa, os mestres fandangueiros receberam do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) o certificado de Patrimônio Imaterial concedido ao Fandango.


Além da cerimônia da entrega dos certificados, o fim de semana foi de debate, da formação do Grupo de Trabalho para a Salvaguarda do Fandango e Comitê Gestor do Fandango; e é claro muita música e um grande baile de Fandango.


História (via blog do Paulo Ras)

O Fandango do litoral paranaense é uma das manifestações folclóricas mais antigas do Brasil. Tem sua origem na Espanha e chegou ao litoral com os primeiros casais de colonos açorianos por volta de 1750. Com muita influência espanhola, passou a ser batido principalmente durante o entrudo (antiga celebração do que hoje se conhece como Carnaval). Em quatro dias, a população não fazia outra coisa senão bater o fandango e comer barreado.

De origem espanhola (e também com influências portuguesas), o Fandango é uma dança trazida pelos imigrantes que no passado se espalharam pelo litoral. Para recordar a pátria distante e matar as saudades, eles dançavam em grandes mutirões festivos.

E assim, em uma fusão de cultura, surgiu o Fandango, que ganhou os compassos dos índios e dos caiçaras, fazendo nascer uma manifestação folclórica diferente incluindo ainda instrumentos como a rabeca, o adufo e a viola.

Três séculos se passaram e nesse correr dos anos, o fandango tornou-se uma dança típica com coreografia e música.

Nos anos 60, o fandango praticamente desapareceu em função de uma nova fase cultural que predominou no mundo através da televisão e do radio que propagavam as novas tendências musicais. A falta de interesse dos jovens em aprender o fandango também contribuiu para que a dança entrasse na relação das manifestações folclóricas em extinção.

Assim, foi até a década seguinte. Nos anos 70, o fandangueiro Romão Costa passou a receber o incentivo do professor Inami Custódio Pinto, um dos maiores folcloristas, pesquisadores e compositores do Paraná. E desta forma o fandango ressuscitava timidamente. Da teoria para a prática foram mais 20 anos, ou seja, em 1993, a extinta Funcultur resolveu criar um grupo de fandango que representasse Paranaguá pelo Brasil afora.

Assim nasceu o Grupo Folclórico Mestre Romão, que realizou sua primeira apresentação no dia 11 de junho de 1994 no antigo Teatro da Ordem. O sonho do fandangueiro Romão Costa se tornava realidade.

O fandango foi resgatado e favoreceu o surgimento de outros grupos e mestres, que também estavam adormecidos. Todos foram contagiados pela efervescência cultural que está presente até os dias de hoje. Atualmente o fandango faz parte da realidade cultural de Paranaguá, seja através da Associação Mandicuera ou por intermédio espontâneo dos jovens que sentem vontade de dançar fandango, e bater o pé por esta ideia, mostrando que Paranaguá possui sua identidade cultural preservada, afinal o fandango é hoje um bem tombado e faz parte do patrimônio imaterial da cultura nacional.

Atualmente

Quatro grupos dedicam-se a manter viva a tradição do Fandango em Paranaguá: Grupo ‘Ilha dos Valadares’, do mestre Brasílio; grupo ‘Pés de Ouro’, do mestre Nemésio; grupo ‘Mandicuera’, de Aorélio Domingues e grupo ‘Mestre Romão”. Com exceção de Aorélio, todos os mestres são pessoas idosas, que lutam para atrair jovens e manter viva as batidas do Fandango.

“O título pode nos ajudar nisso, pois facilitará a obtenção de recursos junto ao Ministério. Com mais recursos, é possível levar o Fandango para mais espaços, valorizá-lo mais, levar até os nossos jovens”, saliente Aorélio.

Com 77 anos e fandangueiro desde os 8, mestre Brasílio estava emocionado após receber o título. “Agradeço ao Ministério, ao prefeito, a todos que participaram disso, principalmente o pessoal dos grupos aqui presentes”, disse.

A presidente da Fundação Municipal de Cultura (Fumcul), Maria Angélica Lobo Leomil, explica que, para tentar despertar o interesse dos jovens, está em negociação um projeto que vai levar a dança para as escolas do município. “Estamos acertando os detalhes disso com a Secretaria de Educação. Também ofertamos oficinas que ensinam a confecção da rabeca e de outros instrumentos do Fandango”, salientou.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

As estradas do Litoral e seus problemas



Quem frequenta o Litoral do Paraná sabe bem que as estradas são um dos principais problemas da região. A falta de infraestrutura adequada de transporte faz com que o acesso às praias seja desconfortável e caro.

Começando pela BR 277, principal rodovia entre Curitiba e o Litoral. A estrada é uma beleza, mas o pedágio é um assalto: R$ 15,40 por um trecho de 90 km. Trechos maiores, como o acesso à Santa Catarina pela BR 376 custam menos de 10% disso. Herança maldita do desgoverno de Jaime Lerner, cujos sucessores não conseguiram aliviar.

Além disso, pela BR 277 chega-se a Morretes (quase) e a Paranaguá, mas não às praias. Se você for a Matinhos (inclua-se Caiobá), sua vida vai ser quase tranquila. A rodovia PR 508, a chamada Alexandra – Matinhos é dupla, apesar de não ter acostamento. Os engarrafamentos são limitados à volta nos domingos e aos fins de feriados mais concorridos da temporada. Mas se você vai à Pontal do Paraná (Praia de Leste, Canoas, Santa Terezinha, Ipenama, Shangrilá, Atami, Pontal do Sul, etc.) ou à Ilha do Mel, prepare-se.

Indo pela PR 277, quase chegando a Paranaguá, fica o início da PR 407, uma rodovia em bom estado, mas simples. Incapaz de suportar a demanda que se apresenta. Ela tem 19 km e liga a BR 277 e Paranaguá às praias e à PR 412. A PR 412, por sua vez, é a rodovia que costeia todo o Litoral urbanizado do Estado, de Pontal do Paraná à divisa com Santa Catarina em Guaratuba. Esta, assim como a PR 407, também não suporta a demanda de tráfego durante a temporada, com o agravante que atravessa trechos altamente povoados e é cheia de lombadas.

A PR 412 ainda tem mais um problema, se é que se deve chamar assim a belíssima baía de Guaratuba. Para atravessar de Matinhos para Guaratuba é necessário usar o serviço de balsas, também chamado de ferryboat. A travessia custa pouco mais de cinco reais e é outro ponto de estrangulamento além da própria estrada.

Vindo da Capital ou do interior do Estado, existem ainda dois acesso possíveis, que são a Estrada da Graciosa e a BR 376 por Garuva SC. A Estrada da Graciosa tem característica turística histórica, pois é a primeira estrada construída entre o planalto e o litoral. Ela é estreita e boa parte ainda conserva o calçamento original. É um belo passeio e uma rota de fuga pra quem se recusa a pagar o pedágio da BR 277. Mas é lenta e pouco funcional.

O acesso pela BR 376, que vira BR 101 em Santa Catarina é uma boa opção para quem vai a Guaratuba, mas a partir de Garuva a pista é simples e os engarrafamentos também são constantes. 

Reivindicações

Quando se trata de estrada, as reivindicações costumam ser históricas, pois muito se promete, mas os resultados costumam demorar décadas.

Em primeiro lugar é mais que urgente a duplicação da PR 407. Os veranistas e moradores de Pontal e Matinhos não suportam mais os engarrafamentos. Até Paranaguá costuma ser prejudicada. São só 19 km, cinco dos quais no perímetro urbano de Paranaguá. Aqui se percebe que as falcatruas do pedágio não se limitam ao preço. Essa rodovia que está sob concessão da Ecovia deveria ter sido duplicada antes de 2011. Estamos em 2014.

A PR 412 que margeia as praias também precisa de duplicação com urgência. Em Pontal do Paraná há um projeto de construção de uma nova rodovia e a PR 412 seria urbanizada (já é) e transformada em avenida para atender o fluxo local. Há um movimento chamado “Eu Amo Pontal – Estrada Já” que luta para que esse novo acesso a Pontal saia do papel. O projeto é do Governo do Estado.

Há também um movimento pela construção de uma ponte ligando Matinhos a Guaratuba, substituindo as atuais balsas (ferryboat). Aliás, essa é outra reivindicação de décadas. As estradas de acesso a Morretes, Antonina e Guaraqueçaba (esta última ainda é de terra) também precisam de cuidados. Vários trechos não tem acostamento, mas a situação nem se compara com a das estradas praieiras.

Penso que esse momento de campanha eleitoral é propício para que se estabeleçam novos compromissos para essas velhas reivindicações. Mas, acima de tudo, os moradores precisam assumir cada vez mais o protagonismo nessas batalhas. Promessas nunca faltaram. Se não as cumprem é por que não se sentem cobrados.